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26 maio 2014

Memória breve...

...de um texto, escrito por Laurinda Alves, em Dezembro de 1998, numa coluna que mantinha, aos domingos, no Público. Já lá vão uns bons quinze anos....
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Laurinda Alves
(fotografada por Mariana Sabido)
"Laurinda Alves escreve hoje um texto muito bonito sobre Fernando Assis Pacheco. Durante meia hora, teria ouvido uma entrevista que, no Canal 2 da RTP, fizeram com o João Assis Pacheco, um filho de 17 anos daquele outro. Numa altura em que um tal Mário Lindolfo "arreia" forte e feio no Prof. Daniel Sampaio, por quem a Laurinda tem muita admiração e de quem é muito amiga (ambos tiveram um programa comum na TV) e num dia em que um tal Alberto Salvador, de Espinho, diz dela cobras e lagartos, a rapariga esmerou-se.
      Há coisas, nesta descrição que Laurinda A. hoje nos oferece, que me tocam e me batem na alma porque também por vezes assim me sinto. Como o Fernando Assis Pacheco se sentia...
      Diz a autora da Crónica: "Sem nunca pretender comparar-se ao Pai, João admite que, tal como ele, também é capaz de andar mais de cem quilómetros para ir jantar a uma tasquinha."
      "As pessoas também são feitas de sítios onde se sentem bem e com os quais se identificam"...
      ...Agradece ao Pai o exemplo  que lhe deu em vida e, especialmente, todos os livros que lhe ofereceu. "Eram sempre para a idade certa. Adorei os do Salgari. Não conseguia parar de ler: lia no autocarro, a caminho da escola, nos intervalos e à noite, na cama, mesmo quando já estava a morrer de sono. O meu Pai nunca me leu nada do que tivesse escrito e só descobri a sua poesia depois de ter morrido. Se calhar ele achava que eu não percebia."
      "O pudor com que Fernando Assis Pacheco guardou para si a sua obra é eloquente do amor que tinha pelos filhos(...) João não se lembra sequer de o ter visto escrever na sala nem de o ouvir ler em voz alta aquilo que escrevia. Guardava para si o acto de escrever por sentir que lhe pertencia inteiramente. O resto, que era quase tudo, partilhava com os outros, especialmente com aqueles de quem verdadeiramente gostava.
      (...) Aposto que lá no lugar onde está, Fernando Assis Pacheco também viu e se comoveu porque, na verdade, o seu filho é um poema."

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