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28 dezembro 2013

Entrar nos eixos...

é o título do Editorial do jornal "i"
no dia 24 de Dezembro.
É assinado pelo director
Eduardo Oliveira e Silva
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                                   Eduardo de Oliveira e Silva

Aos poucos as redes sociais começam a ser sujeitas a um conjunto de regras das quais os seus utilizadores se poderiam achar excluídos, o que era evidentemente uma ingenuidade.
Ainda ontem era dada à estampa pelo JN a notícia de que pela primeira vez um tribunal português aceitou o despedimento de um funcionário que disse mal da empresa no Facebook.
Genericamente, o tribunal rejeitou a ideia de que o meio de publicação era um grupo privado, desde logo porque tinha 140 membros, os quais poderiam depois replicar a prosa.
Nos últimos meses têm-se sucedido episódios do género em todo o mundo, tendo havido inclusivamente condenações de quem tenha posto um "like" num artigo a dizer mal de alguém.
Entre as duas decisões vai um fosso enorme, porque uma coisa é difamar, ofender ou injuriar directamente uma empresa ou uma pessoa e outra bem diferente é meramente assinalar um "like", um "recomendo", um "curto" (usado no Brasil) ou um "gosto", que são manifestações tão genéricas que tanto podem ser referentes ao conteúdo como ao estilo ou à argumentação.
Seja como for, uma coisa é certa: as redes sociais e tudo o que está na internet estão lentamente a ter de se sujeitar a regras das quais os seus utilizadores se julgavam isentos.
Também é verdade que os milhares de factores positivos que a net permitiu introduzir na relação humana foram acompanhados de todo um conjunto de possibilidades de desenvolver e tornar mais sofisticado um vasto naipe de crimes, começando no branqueamento de capitais e correspondente à fuga a impostos, e indo até à pedofilia, o mais repugnante dos crimes, passando pelo roubo de conteúdos sem mencionar a sua autoria, ou seja, defraudar um criador de um direito inalienável.
Deve portanto saudar-se genericamente tudo aquilo que contribua para introduzir regras e códigos na inesgotável panóplia de utilizações que a internet permite e que não cessam de aumentar, de forma exponencial.
Uma das coisas simultaneamente boas e más da net e da blogosfera em geral tem a ver naturalmente com o anonimato.
A parte mais simples prende-se com os comentários não assinados a insultar tudo e todos, evoluindo em complicação até coisas como criar perfis falsos de certas pessoas (como por exemplo sucedeu a Miguel Sousa Tavares) ou pura e simplesmente produzir cadeias de informações caluniosas a respeito de certos cidadãos, normalmente figuras públicas ou políticos.
O lado positivo tem a ver, necessariamente, com a enorme força de uma divulgação em massa de certos elementos, como se viu primeiro com o Wikileaks e depois com Snowden, que começaram a actuar através do anonimato.


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