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07 novembro 2022

Observatório da Ajuda...

 Em 03/03/1998
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Partimos para Lisboa às 10h levando no porta-bagagens o telescópio desalinhado.

Viagem rápida sem filas na Ponte e chegada ao Observatório sem enganos! De dia não pode haver enganos… A cúpula do Observatório vê-se de todo o lado. (*NB 1)

O Observatório Astronómico de Lisboa 
(na Tapada da Ajuda)
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Estavam alguns alunos nos degraus da entrada principal, à espera da hora da conferência.

Entrámos, pedi na recepção para falar com o Senhor Director e, um breve contacto com o gabinete do Dr. Manuel Marques (* NB 2) a quem fomos anunciados permitiu-nos a subida ao primeiro piso.

No alto da escada em caracol esperava-nos uma funcionária que nos conduziu ao Gabinete onde o Senhor Director nos aguardava.

Após os cumprimentos o Prof. Manuel Marques (*NB2) fez-nos a história do Observatório através das fotografias dos antigos Directores que povoam as altas paredes do gabinete, começando pelo Almirante Oom, passando por Filipe Folque e, já neste século, os Drs. António Perestrelo Botelheiro e Batista dos Santos que foi o antecessor do Dr. Manuel Marques e com quem este muito aprendeu.

Vice-Almirante Frederico Oom
(1830-1890)
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Depois, enquanto deixava que consultássemos algumas obras que livrarias de Lisboa lhe põem no gabinete para consulta e eventual compra, preenchemos em papel por ele fornecido, um texto que comprovava a nossa estadia no Observatório Astronómico e que nos permitia apresentar, na Secretaria da Escola a dispensa das aulas ao abrigo do Artº185/92. Ele próprio as assinou e apôs o carimbo da Instituição.

Em seguida, e já depois das 11h, conduziu-nos à cúpula do Observatório, onde está montado o telescópio que já foi o mais importante da Europa. Ele mesmo fez o historial do aparelho e dos benefícios que aquela cúpula necessita. 
Uns dias mais tarde, em 29 de Março, fizemos uma nova visita que culminou com uma subida ao Observatório Central onde repousa esse enorme telescópio que fez as delícias dos astrónomos europeus no século 19. O professor que nos acompanhou contou histórias ali passadas e citou observações rigorosas que tinham muita aceitação em todo o mundo. Hoje está ultrapassado, embora o utilizem ainda com certa regularidade.
Pelo funcionário executivo que nos acompanhou foi anunciada uma subida à plataforma superior, dotada de um varandim a toda a volta do edifício...
Uma escadaria estreita, íngreme, de madeira, conduziu-nos àquele varandim.
(* NB 1)
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Foi o mais importante telescópio da Europa.
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Só depois descemos ao piso térreo deixando livre a cúpula que, de imediato, foi invadida pelos alunos do Colégio Valsassina.

Cá em baixo, na magnífica sala árabe, a Palestra começou quando já passava das 11h30m. E tendo sido os primeiros a entrar pudemos instalar-nos à vontade, na primeira fila.

Uma bela e linda sala circular onde decorrem estas palestras.
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A sala encheu com algumas professoras e por dois lotes de alunos de Escolas diferentes. Num dos sectores, miúdos do 8ºano tiveram de ver um “cartão amarelo” quase no princípio da sessão, mostrado pelo conferencista, de um modo muito eficaz; noutro sector, alunos do 12ºAno, mais conscientes do seu papel e do papel do conferencista portaram-se na linha.

O conferencista foi o Prof. Rui Agostinho que mais uma vez mostrou a sua natural qualidade em lidar com plateias de gente interessada. Foi magnífica a sua exposição sobre a posição da Terra no Universo. No final foi muito aplaudido e a sua aula terminou quase às 13h.

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O Prof. Rui Agostinho no uso da palavra,
e o Director Dr. Manuel Nunes Marques em primeiro plano, à esquerda.
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Falámos com ambos no final da palestra e recordámos o interesse que mantínhamos em o ver na Escola Secundária de Bocage, em Setúbal.
O Senhor Director foi adiantando que os dias da semana que mais lhes convinham, seriam a 4ª e a 6ªfeiras. Registei… (* NB3)
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E fomos ao almoço… que sucedeu num restaurante não muito longe dali, na rua dos Lusíadas, a rua onde morou, quando menino, o meu colega e Amigo José Pinto de Figueiredo, e que se chamava “Solar dos Nunes”.

Na única mesa disponível, para quatro pessoas, um dos irmãos Nunes, provavelmente o mais simpático, fez nascer um quinto lugar… tendo para isso incomodado todos os clientes de uma mesa atrás da nossa e que teve de ser deslocada um pouco…

Impuseram-me o topo da mesa, com a Filomena à minha direita e, para lá dela, encostada à parede, a Isabel, da Escola Sebastião da Gama. Á minha esquerda, em frente da Filó, ficou a Sandrinha, seguida da Marina que ficou em frente da Isabel

Como entradas, um pãozinho quente muito gostoso, com queijinho de Azeitão, com rodelinhas de chouriço muito bom e presunto de bom aspecto.

Para prato forte, uma “parrilhada” muito bem servida de carnes variadas e acompanhamento de batatas fritas, de cenoura em fibras, saborosos grelos bem cosidos e um esparregado mediano…

Como temos mais olhos que barriga ainda fomos a tempo de impedir que nos fossem servidos dois pratos de “Pernil e javali” que havíamos encomendado… Graças a Deus que fomos a tempo de “desfazer a encomenda”. 

Tudo acompanhado por água mineral e por uma garrafa de Borba VQPRD, tinto, de 1996, que nos foi servido de modo impecável, com decantação á vista após abertura à nossa frente, entornado num cristal de grande bojo e gargalo regular… Um grande aparato a justificar o preço gravoso!...
Corações ao alto!... Um dia não são dias…

Os doces foram escolhidos pela Sandra e pela Filomena. Leite-creme queimado com caramelo e Encharcada Conventual para mim e para a Filó que fizemos umas “a meias”, um Doce de requeijão para a Sandra e dois “Mais que bons” para a Marina e para a Isabel.

São uma simpatia, quer o Nunes que nos atendeu quer o funcionário que nos serviu. Nem a conta nos pareceu cara…

Saímos do restaurante quando já eram 15 horas, fazendo a pé, um passeio digestivo, até à entrada da Agronomia onde havíamos deixado o Clio.

Pouco depois, e sem enganos no caminho, estávamos a entrar na bonita Sala da Conferência, onde o holandês Marten Roos Serote, um rapaz jovem, loiro, alto com cara de menino, iniciou a sua palestra sobre “O Sistema Solar”, sob a terna “tutela” de Margarida Serote, sua jovem e sabedora consorte…

A audiência era mais homogénea e mais consciente, sem deixar de ser uma jovem e descontraía audiência…

Quanto ao grupo de Setúbal, eu creio que passaremos a ser, dentro em breve, “os Amigos para quem os palestrantes dirigem as palavras e os olhos quando expõem…”

O Holandês disse que ia falar durante uma hora mas, devido á brincadeira que arranjou para transmitir a sua mensagem, cativou a audiência durante mais quarenta minutos… E, no final, as perguntas dos jovens assistentes prolongou-se por muito tempo dando algum trabalho quer ao Dr. Maarten Serote, quer o Prof. Rui Agostinho.
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Dr. Maarten Roos Serote
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No final, acabei por deixar entregue aos serviços do Observatório, o alinhamento dos espelhos do meu telescópio. Um dia destes terei de ir lá buscá-lo

No final, e já depois de toda a assistência ter saído, ficámos um pouco mais, trocando impressões com os três Professores e só depois regressámos a Setúbal, num trânsito lento, nos acessos à Ponte, por Alcântara, mas sempre em movimento.

Às 19h30m, estávamos em Setúbal, frente do Liceu, num dos cafés, com a Filomena, a Isabel e a Sandra. A Marina já a tínhamos deixado em casa, em Palmela.

É claro que já não fui dar nenhuma aula…
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NB 1: 
...  E, lá do alto, a vista sobre toda a Lisboa num arco de 360º é, pura e simplesmente, magnífica, admiravelmente extasiante e verdadeiramente maravilhosa. Os focos de luz que à noite jorram de certos pontos ficam-nos eternamente na retina.

O Palácio da Ajuda, ali quase ao pé, a Estrela e o Castelo, lá mais longe, as Amoreiras e as Necessidades ali do outro lado são imagens que não podemos esquecer vistas dali. Sem falar da Outra Banda, sem referir a "Ponte antiga", ali mesmo á nossa frente com os automóveis e camionetas deixando um rasto de riscas vermelhas pelo caminho... Sem falar nos aviões que por ali sobrevoam, já baixos, roçando as nossas cabeças (num exagero desculpável...) atirando-se às pistas da Portela que, para eles, já se encontram ali, tão perto...
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NB 2:
Nota breve: O “Manuel Marques”, ou melhor, o Prof. Dr. Manuel Nunes Marques, tinha sido meu colega de turma quando ambos frequentámos o 6º e o 7º anos, no Liceu Nacional de Nun’Álvares, em Castelo Branco, nos “idos de 50”…

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O Manuel Nunes Marques, em 1978 06 24
Nas "bodas de prata" do nosso 7ºAno
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No mesmo dia, no meio de alguns outros colegas comuns,
na Quinta da Azambuja onde comemorámos esses 25 anos
do nosso Curso Liceal.
(O Virgílio Lopes Vaz, o Victor Martins da Conceição mais conhecido pelo "Saludes", o Manuel Marques e o Armando Lourenço Rodrigues)
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NB 3:
Uns anos passados, em 25 de Novembro de 2002, tivemos a satisfação de ver o prof. Rui Agostinho na nossa Escola onde dirigiu uma sessão de trabalho, fez uma palestra e "ajudou a inaugurar" uma Exposição de Fotografia que o Núcleo de Astronomia realizou na Biblioteca do Liceu.
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Rui Agostinho 
na Exposição de Fotografia,
na Biblioteca
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O Prof. Rui Agostinho
no início da sessão de trabalho que realizou
na companhia da Dr.ª Filomena e da Dr.ª Marina Ramalho,
no Laboratório de Física

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