No suplemento de um dos jornais desta manhã, e a propósito da recente vinda ao Centro Cultural de Belém, como cantora da actriz alemã Hanna Schygulla, fazia-se uma referência aos papéis desempenhados por esta actriz, nos filmes de Fassbinder.
Deixo este apontamento, como curiosidade, sobre uma mulher que foi uma magnífica interprete cinematográfica e que acabou por dar a volta por cima, ao fim de muitos anos, tornando-se agora uma magnifica cantora... apesar da "erosão" do tempo sobre a pele das suas faces...
Sobre o filme "O casamento de Maria Braun" deixo este breve apontamento:
"Em meio a Segunda Guerra Mundial, Maria (Hanna Schygulla) casa-se com Hermann Braun (Klaus Löwitsch), um soldado alemão. Ele desaparece em combate, mas Maria recusa-se a acreditar na sua morte. Trabalhando num cabaré, ela se envolve com um soldado norte-americano, até que o marido reaparece e o amante é acidentalmente assassinado. Hermann assume a culpa e vai para a cadeia, enquanto Maria vai trabalhar com Karl Oswald (Ivan Desny) e logo se torna uma poderosa mulher de negócios."
"Petra Von Kant é uma estilista no auge da sua carreira. Arrogante, narcisista, dominadora, Petra Von Kant, a estilista, faz do seu quarto o atelier de trabalho, onde também vive dia e noite a sua assistente, Marlene, que obedientemente cumpre todas as ordens que lhe são dadas, ocupando-se de todas as tarefas da casa e do atelier. Mas Petra Von Kant, a mulher, sofre, de amor, de casamentos falhados, de relações conflituosas, com a sua mãe e filha. A sua amargura, trespassa todas as suas acções e contagia os que a rodeiam, tornando-a numa mulher mal-amada, só.
Um dia, uma amiga que a visita, apresenta-lhe Karin, uma jovem modelo que procura uma carreira de sucesso. Petra Von Kant, impulsiva, solitária, sequiosa de amor, apaixona-se por Karin, de forma descontrolada, passando de dominadora a dominada, humilhando-se para tentar manter uma relação que sabemos à priori ser impossível, destrutiva, estar condenada ao sofrimento. Petra Von Kant perde rapidamente o controlo da situação, enciumada com as relações com outros homens de Karin, irada com a falta de controle sobre a situação, destruindo com a sua possessividade a sua relação com Karin, sufocando-a, atirando-a inadvertidamente para fora de casa. Tudo isto sob o olhar silencioso da escrava Marlene, a sua assistente, que suspeitamos estar loucamente apaixonada por Petra e que esta sucessivamente humilha. Uma história de amor, de masoquismo, de relações claustrofóbicas, de desespero, sempre no feminino. As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant, a história de uma mulher que está a aprender a amar."
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