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30 abril 2020

E nunca vou por ali...

...no poema 
Cântico Negro
da autoria de 
José Régio.
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José Régio
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Cântico Negro
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"Vem por aqui" - dizem-me alguns olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
de que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre da minha Mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Porque me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés  na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! tendes estradas,
Tendes  jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tetos, 
E tendes regras, e tratados, e filósofos e sábios
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou, 
- Sei que não vou por aí!
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José Régio
in. "Poemas de Deus e do Diabo" - 1925

José Régio, pseudónimo literário de José Maria dos Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde em 1901. Licenciado em Letras em Coimbra, ensinou durante mais de 30 anos no Liceu de Portalegre. Foi um dos fundadores da revista "Presença". Romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico, foi, no entanto, como poeta. que primeiramente se impôs. No seu primeiro livro — "Poemas de Deus e do Diabo" (1925) — apresentou quase todo o elenco dos temas que viria a desenvolver nas obras posteriores: os conflitos entre Deus e o Homem, o espírito e a carne, o indivíduo e a sociedade, a consciência da frustração de todo o amor humano, o orgulhoso recurso à solidão, a problemática da sinceridade e do logro perante os outros e perante a si mesmos.

29 abril 2020

Escrito no vento...

In. "Público"
06.09.2014
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"Pelo que fizeram, se hão-de condenar muitos, pelo que não fizeram, todos".
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António Vieira
1607-1697
Padre e escritor português

28 abril 2020

Um coração vermelho pelo ar...

...num poema a que
Alexandre O'Neill
deu o nome de
" O Beijo"

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Alexandre O'Neill
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O Beijo

Congresso de gaivotas neste céu
Como uma tampa azul cobrindo o Tejo.
Querela de aves, pios, escarcéu.
Ainda palpitante voa um beijo.

Donde teria vindo! (Não é meu...)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
Mandado de captura ou de despejo?

É uma ave estranha: colorida,
Vai batendo como a própria vida,
Um coração vermelho pelo ar.

E é a força sem fim de duas bocas,
De duas bocas que se juntam, loucas!
De inveja as gaivotas a gritar...

Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca' 

27 abril 2020

Na sala dos professores...

... Durante alguns anos os "recém-reformados"
"assinavam o ponto", nas manhãs das quintas-feiras... 
na Sala dos Professores.
Um bom hábito que teve o seu tempo...
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Esta fotografia não foi tirada numa dessas quintas-feiras,
 mas sim no final de um Almoço de Páscoa,
em 4 de Abril de 2006.

26 abril 2020

Humor antigo...

...com o traço de 
Kiraz
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- Não percebo por que motivo as tuas amigas só te ofereceram louça! Olha que eu não tenho mau génio!...

25 abril 2020

Parabéns, GI!...

O meu melhor "25 de Abril"... 
ocorreu em 1962 
em Castelo Branco!...
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Parabéns, Gi

24 abril 2020

A pintura de Graça Lagrifa...

Por motivos técnicos interrompi durante muito tempo a publicação destas pinturas de Graça Lagrifa. Que a pintora me desculpe...

@emmy.schoorl fotografou, eu pintei, como habitualmente dando a minha interpretação ao retrato. Fiquem bem!

23 abril 2020

Eles foram professores o Liceu...


Manuel Tavares Emídio

Em 9 de Agosto de 1965, tomou posse como professor efectivo, no Liceu Padre António Vieira. Anos mais tarde, desempenhou o cargo de Director Geral do Ensino Secundário.

Manuel Tavares Emídio
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Era natural de Miragaia, Porto, onde nasceu em 20 de Maio de 1936.
Licenciado em Filologia Germânica foi professor efectivo do 3ºgrupo (Inglês e Alemão) nos anos lectivos de 1963/64 e 1964/65
Tomou posse em 27 de Março de 1963 e manteve-se 2 anos no Liceu e exerceu o cargo de Director do 2º Ciclo, no seu primeiro ano e do 3ºciclo, no segundo.
No primeiro destes anos, foi nomeado por portaria de 13 de Março de 1963, publicada no Diário do Governo nº72, II Série, em 26 de Março seguinte; tomou posse em 27 de Março e entrou em exercício no dia 1 de Outubro, até 30 de Setembro de 1964. Foi-lhe entregue um horário com 22 horas se serviço semanal. Desempenhou neste mesmo ano, as funções de Director do 2ºCiclo para o qual foi nomeado por portaria de 30 de Dezembro de 1963, publicada no Diário do Governo nº18, II Série, de 22 de Janeiro de 1964.
No ano lectivo de 1964/65 desempenhou o cargo de Director do 3ºCiclo conforme portaria publicada no Diário do Governo nº267, II Série, de 13 de Novembro de 1964.
Foi transferido, mediante concurso, para o Liceu Padre António Vieira, através de uma portaria de 20 de Julho de 1965, publicada no Diário do Governo, II Série, em 31 de Julho de 1965.

Em 1974/75, Tavares Emídio exercia as funções de Inspector-Geral do Ministério da Educação Nacional. 

22 abril 2020

O Cabrito estonado de Oleiros...

... ganhou um Prémio!...

O "confinamento" tem sido de tal ordem que nem tenho ido ver o cacifo do correio.
Esta manhã lembrei-me de descer e "ver o que se passava por lá"... O meu "cordão umbilical que dá pelo nome "Reconquista" ali permanecia com os seus últimos exemplares.
E foi no último que deparei com uma notícia que me agradou imenso.
Dizia ela, em título:
"Pela primeira vez
Cabrito estonado ganha prémio Cinco Estrelas."
E logo seguido de um destaque,  que assim dizia:
"Gastronomia - Cabrito estonado de Oleiros venceu a edição deste ano do prémio Cinco Estrelas, o qual pretende distinguir marcas ou produtos que merecem a confiança dos portugueses."
Espero que o João Carrega não me leve a mal por transcrever alguns excertos do artigo que assina, nesta edição de "Reconquista" (16 Abril 2020). Fico-lhe grato por isso.
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O prémio Cinco Estrelas Regiões foi atribuído ao cabrito estonado de Oleiros. A informação foi partilhada pela organização desta iniciativa que tem por objectivo medir o "grau de satisfação que produtos, serviços e marcas de origem portuguesa conferem aos seus utilizadores, tendo como critérios de avaliação as cinco principais variáveis que influenciam a decisão de compra dos consumidores."
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Oleiros, 24.Jan.2015
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O cabrito estonado é um dos ícones da gastronomia de Oleiros, constituindo uma referência também da região.
Este prémio avaliou a "satisfação pala experimentação; relação Preço-qualidade; intenção de compra ou recomendação; Confiança na marca e Inovação" e envolveu 313.450 participantes, que identificaram, para cada região, o que consideraram Cinco Estrelas a vários níveis.
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Oleiros, 19.Abr.2013
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Para a Câmara de Oleiros , "esta distinção é um reconhecimento mas também um incentivo para que o Festival do Cabrito Estonado e do Vinho Callum se possa realizar no próximo ano, uma vez que a edição de 2020 foi cancelada devido à pandemia Covid-19".
(...)
"...com estes prémios "pretende dar-se visibilidade a marcas que pela sua tipologia se caracterizam por oferecer um serviço de grande proximidade, tão valorizado por todos". O objectivo é "dar voz às populações de forma a identificar o que  de melhor existe em Portugal"
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Oleiros, 13.Abr.2012
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Os prémios Cinco Estrelas são um resultado de "um inquérito nacional, com nomeações directas pala população", onde são identificados os ícones nacionais mais relevantes para os portugueses...
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Este ano foram destacados, em todo o país 119 produtos ou marcas, entre as 952 candidaturas avaliadas, distribuídas por 171 categorias.
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Desde há muitos anos que um grupo de Amigos meus sediados nesta margem do rio Sado se desloca a Oleiros nesta época que antecede a Páscoa... A finalidade primeira é o Cabrito Estonado! Muitos deles já se tornaram "fans" desta delícia imensa... e já são fans desta Vila!... São os primeiros a lembrar-me que "está na altura do cabrito".
Falhamos este ano... como é óbvio. Mas a culpa não foi nossa... Nem do Cabrito...
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Oleiros, 13.Abr.2011
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NB - ficado "angustiado" quando vejo as fotografias lindas que o nosso Amigo João Marques tem publicado na sua página do Facebook. Espero que aqueles cabritinhos bebés, tão lindos, não impliquem na vontade que tenho de os ver... sem pelo
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Deus vos guarde...
Setúbal
21.04.2020

20 abril 2020

Esquecem-se de ser felizes...

... uma história simples contada por Josefina Mendonça, uma antiga aluna do 
Liceu Nacional de Setúbal
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Conta-se que no século passado, um turista americano foi à cidade do Cairo, com o objectivo de visitar um famoso sábio.
O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples, cheio de livros.
As únicas peças de mobília eram a cama, uma mesa e um banco.
-- Onde estão os móveis? perguntou o turista.
-- E sábio, bem depressa, olhou em redor e perguntou:
-- E onde estão os seus...?
--Os meus?! Surpreendeu-se o turista. -- mas estou aqui só de passagem!
-- Eu também... -- concluiu o sábio. 

"A vida na Terra é somente uma passagem...
No entanto, alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente, 
e esquecem-se de ser felizes."

19 abril 2020

Humor antigo...

com o traço
de René Caillé

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- Ó senhora professora: os meus camaradas e eu  preferíamos que nos falasse acerca da Marilyn Monroe, da Sofia Loren e doutras assim, em vez da D.Maria I, do D.Afonso Henriques...

18 abril 2020

Escrito na pedra...

Escrito na pedra…
In “Público”
15.04.2020
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Mais vale limitar as ordens, mas toda a ordem dada deve ser respeitada escrupulosamente.
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Maurice de Saxe
1696-1750
militar e político

17 abril 2020

Olá, João Frey Roy!...

...dei comigo a rir quando vi esta tua obra poética,
e lembrei-me que já nos "idos de 50" a tua poesia 
tinha pernas para andar, quando assinaste os versos 
dedicados ao nosso conterrâneo e Amigo António Ramalho Eanes,
no livro de "Despedida dos Alunos do 7ºAno", naquele ano de 1952/53.
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João Ferreira da Silva
(Para nós  e para todos os que te conheceram naquela época 
hás-de ser sempre
o Frei Roy)

A CASA PORTUGUESA (nova letra)

Numa casa portuguesa fica bem
O marido a pôr a mesa
Ninguém bate à nossa porta, ainda bem
Porque a gente já está tesa
Fica bem ouvir a ciência
Fica bem
Ter paciência e ter cuidado
A alegria da virose
é beber mais uma dose
e depois cair pró lado.
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O conforto é muito pouco em quarentena
cada um em sua cama
o sofá e a TV são o cinema
e nem se despe o pijama
O sabonete e o gel são o sabão
a cozinha, a oficina
só saímos de aflição
quando chegar o verão
ou criarem a vacina.
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Refrão

Quatro batatas no prato
Um cheirinho a bacalhau
Um vinho do mais barato
Pão centeio e é um pau
Quando isto acaba não vejo
e o dinheiro está por um fio
não se pode dar um beijo
nem pagar ao senhorio… lá lá lá lá
É uma casa portuguesa com certeza
É com certeza uma casa portuguesa
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João Ferreira da Silva
Em 13 de Abril de 2020
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Parabéns, João! 
Permiti-me transcrever os teus belos versos..."sem te passar cartão"! 
Eu sei que me desculpas...
Um abraço.
do jjmatos

15 abril 2020

Muito forte...

O Presidente do Banco Santander morreu em decorrência do coronavírus.
António Vieira Monteiro tinha 73 anos e havia sido colocado em quarentena no início do mês de Março após uma viagem à Itália.

Uma declaração da filha deixou uma lição ao mundo:
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"Somos uma família milionária, mas o meu papai morreu sozinho e sufocado, buscando algo que é grátis. O AR. O dinheiro ficou em casa."
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Escrito na pedra...

Escrito na pedra…
In “Público”
12.02.2020
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Aquele que acreditar que o dinheiro fará tudo pode bem ser suspeito de fazer tudo por dinheiro.
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Benjamin Franklin
1706-1790
escritor e cientista

14 abril 2020

Hoje há pintura...

Pablo Picasso
Pintor espanhol
1881 - 1973

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Interior com mulher desenhando
(1935)

13 abril 2020

Leiam Aquilino...

...e façam a festa da língua portuguesa em casa.
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"Ler sobre a "santa trincadeira"
é o título do artigo que, no seu "Espaço Público"
José Pacheco Pereira
escreveu ontem no jornal "Público".
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José Pacheco Pereira
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Uma pessoa às vezes tem sorte e conhece na vida algumas personagens que pareciam apenas estar nos romances. Nos tempos em que estive em Boticas a dar aulas, bendizendo estar tão baixo na lista dos professores que fui parar àquele magnífico sítio, conheci algumas. A escola era pequena, pelo que acabava por dar por dar aulas a praticamente todos os alunos e conhecer todos os professores e o pessoal administrativo da escola. A maioria dos professores que lá estavam colocados maldiziam a sua sorte, porque era o último sítio onde queriam estar e, à mais pequena oportunidade, queriam era vir-se embora. Não era fácil nem lá chegar, nem de lá sair porque todas as opções de estrada para o Porto demoravam pelo menos cinco horas
(…)
Eu ficava muitas vezes no fim-de-semana porque gostava de lá estar numa casa de emigrante alugada… A casa era nova, mas a construção era má e incluía uma parede de “pedra rústica” e um andar térreo de terra batida onde se colocava a lenha. Depois, por cada racha na parede entrava vento e frio, e ali havia mesmo frio mas as janelas – quando se conseguiam abrir – mostravam uma paisagem de montes e vales, sem ventoinhas, e com muito poucas construções modernas no meio do verde. Às vezes, havia uma nuvem pousada mesmo debaixo da janela. Descia-se e estava nevoeiro e subia-se e estava um sol esplendoroso.
Um dos meus colegas era a tal personagem da literatura, que muitos podem adivinhar como sendo tirada dos livros de Aquilino. Já faleceu e deve estar no Céu a ser servido por um anjo despenseiro das cozinhas do paraíso. Sim, eu devo a Boticas ter conhecido um genuíno abade, na verdade um padre que dava aulas na escola e exercia o seu trabalho pastoral nas aldeias altas do Barroso, Alturas, Dornelas, até à fronteira com o Larouco. Tinha um “corpanzil”, uma palavra que me evita usar eufemismos ou expressões pouco politicamente correctas, e uma enorme sotaina para o tapar. Nos dias em que dava aulas, íamos almoçar juntos a um restaurante que também vinha na literatura, o Santa Clara, neste caso, referido por Ferreira de Castro. O restaurante era de uma senhoras que cozinhavam praticamente ao lado, traziam ela próprias a comida à mesa e das quais pouco sei a não ser que tinham parentes no Canadá, porque me pediam para lhes traduzir uns formulários de inglês que tinham de preencher.
Mais uma vez, o almoço podia vir nos livros de Aquilino e eu, que já conhecia algumas descrições aquilinianas, como o ataque a vários capões por um bando de abades ao pequeno-almoço. Sabia muito bem onde estava metido. Não havia muita variedade, mas também não era preciso. O almoço-tipo consistia em pedaços de bola de presunto, às vezes acompanhados por fatias de presunto, de entradas, seguidos por uma sopa de legumes, a que se acrescentavam de imediato umas trutas. E ainda estávamos só nos preliminares, faltava o prato principal. Este era quase sempre vitela assada com batatas e arroz, ou frango assado com batatas e arroz e salada. O nosso bom padre comia tudo e, por isso, também a salada. Depois vinha a sobremesa, a maioria das vezes um pudim e uns doces caseiros, melhor, um pudim, mais uns doces caseiros e café. Vinho, ele não ia no “vinho dos mortos”, que dizia que era para os turistas, antes preferia a variante do barril, servida em caneca, ou melhor, em canecas. Dar aulas a seguir era um tormento.
Não se lhe podia dizer que não a coisa nenhuma, porque ele insistia já com o garfo ou a colher cheia junto ao prato dizendo “ó senhor professor, tire um pouco mais de carne…”. E eu obedecia ao eclesiástico, ungido por um sacramento especial, que eu não tinha nem queria ter, mas à mesa impunha autoridade. Era o tempo da “santa trincadeira”;
Ocupemo-nos da santa trincadeira, que o meu estomago está a gritar contra a cabeça que o governa! – proferiu o abade, ajeitando o corpanzil à margem da mesa opípara.
O problema é que a descrição parece demasiado trivial nestes tempos em que as sardinhas “repousam no seu suco” e as coisas são “resumidas”. Só que o presunto era de Chaves, as trutas do Beça, as batatas, que quem nunca as comeu não sabe o que são batatas, idem para a carne do Barroso. Já comi em muitos sítios, mas presunto, trutas, batatas e carnes são deste planeta e as de Boticas eram de outro corpo celeste regido por Gargantua e seu filho Pantagruel.
Voltemos à terra. Deixem a Covid-19 à porta, leiam Aquilino e façam a festa de língua portuguesa em casa.
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