da autoria de Homem que foi seu contemporâneo
na cidade do Sado, na década de 60... o Comandante
a frequentar o Liceu e o Advogado ainda na Escola primária...
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Santana-Maia Leonardo
Advogado em Abrantes
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A justiça de casino
Os tribunais portugueses estão hoje
transformados em autênticas mesas de póquer onde só se podem sentar os ricos,
que têm dinheiro para apostar e ir a jogo, e os pobres que jogam de graça e
quem joga de graça, como se sabe, pode cobrir todas as paradas.
Neste sentido, podemos dizer que
existe, de facto, uma justiça para ricos e uma justiça para os pobres. Só não
existe mesmo é uma justiça para aqueles desgraçados que, com os seus impostos,
sustentam toda a máquina judicial e legislativa. Ou seja, para a classe média.
Com efeito, se uma pessoa da classe
média quiser ir a jogo com um pobre, sai de lá depenada. Para litigar com um
pobre, saliente-se, uma pessoa da classe média tem de pagar tudo, directa e
indirectamente: paga os advogados, as taxas e as custas das duas partes e ainda
paga os vencimentos dos juízes, dos procuradores e dos funcionários judiciais,
o edifício do tribunal e o mobiliário. Além disso, o pobre, porque joga de
graça, abre logo as hostilidades fixando o valor da acção numa brutalidade, o
que obriga o desgraçado da classe média, que tem de pagar tudo, a ter de
começar logo a contar os trocos.
Em boa verdade, para a justiça
portuguesa, a classe média só serve mesmo para vítima. É roubada pelos ladrões,
pelos deputados, pelos ministros, e, se por acaso num acesso de loucura, quiser
recorrer aos tribunais na procura de justiça, ainda é roubada pelos tribunais.
Para a senhora ministra da Justiça,
cujo vencimento é pago pela classe média, o seu grande objectivo é a
ressocialização do ladrão que, em regra, assaltou uma pessoa da classe média. E
com que dinheiro pensa a senhora ministra ressocializá-lo? Com o dinheiro da
classe média. Mas a pessoa da classe média que foi assaltada pelo ladrão que vai
ser ressocializado pela senhora ministra da Justiça não tem sequer direito a
reaver o que lhe roubaram. Não, a ressocialização do ladrão não passa por indemnizar
a quem roubou. Quanto a esse aspecto, a opinião dos ladrões e dos políticos é
coincidente: a classe média portuguesa só serve mesmo para ser roubada.
Que raio de país este em que os que
pagam a justiça são precisamente aqueles que não têm direito a ela!...
Santana-Maia Leonardo, Abrantes.
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