Francisco
Lopes Vieira de Almeida
Esteve dois anos no Liceu de
Setúbal como professor efectivo do 4ºGrupo (História e Filosofia) com a
primeira tomada de posse registada no dia 10 de Novembro de 1915.
Mais tarde foi Professor
Catedrático de Letras na Universidade de Lisboa.
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Prof. Francisco Vieira de Almeida
.
"Figura filosófica e cultural
de grande relevo na sociedade portuguesa, durante a primeira metade do século
XX, Vieira de Almeida foi, enquanto professor, autor e personalidade, um caso
invulgar de rigor filosófico e atenção cívica que, embora hoje pouco lembrado,
não pode ser esquecido quando se trabalha a
história e a cultura portuguesas contemporâneas.” (Carlos Leone)
Não deixa de ser interessante
reler o que, sobre o Prof. Vieira de Almeida, escreveu ainda Carlos Leone.
“Licenciado e doutorado pela
Faculdade de Letras de Lisboa em Filosofia, ingressou como docente na
Universidade pelo grupo de História (em 1915). Em 1921 voltou à área de
Filosofia onde ascende a catedrático em 1932, mantendo-se em actividade
permanente até 1958.
Apesar de entre a sua extensa
bibliografia encontrarmos poesia, romance a e teatro, bem como traduções, é a
sua actividade como professor e ensaísta na área de Filosofia, e também de
História, que o distingue.
Ora, Vieira de Almeida foi (…) um
dos raros autores portugueses com trabalhos de relevo em Lógica (e na sua
divulgação), mas nunca abdicando de um compromisso político explícito apesar
dos dissabores que o regime lhe causou mesmo em idade avançada.
Monárquico, e próximo de autores como Pequito Rebelo e Hipólito Raposo nos alvores da I República, não demorou muito a cativar simpatia noutros quadrantes e não espanta, por isso, ver o seu nome entre os fundadores da Revista dos Homens Livres («Livres das Finanças e livres dos Partidos»), projecto frentista contra a degeneração da República na década de 1920.
Monárquico, e próximo de autores como Pequito Rebelo e Hipólito Raposo nos alvores da I República, não demorou muito a cativar simpatia noutros quadrantes e não espanta, por isso, ver o seu nome entre os fundadores da Revista dos Homens Livres («Livres das Finanças e livres dos Partidos»), projecto frentista contra a degeneração da República na década de 1920.
(…)
…implantada a ditadura que estará na base do Estado Novo, Vieira de Almeida encontra-se já próximo do grupo Seara Nova, com o qual mantêm contactos, através de Câmara Reys, mesmo depois de António Sérgio se afastar da revista. Era já então uma figura intelectual de referência…
…implantada a ditadura que estará na base do Estado Novo, Vieira de Almeida encontra-se já próximo do grupo Seara Nova, com o qual mantêm contactos, através de Câmara Reys, mesmo depois de António Sérgio se afastar da revista. Era já então uma figura intelectual de referência…
…na ressaca da campanha do
General Humberto Delgado e do seu desfecho, encontramos Vieira de Almeida entre
os «quatro grandes» (expressão de Mário Soares no volume de homenagem a Vieira
de Almeida no centenário do seu nascimento, v. Referências bibliográficas) que
se juntam a Delgado para convidar os socialistas Aneurin Bevan e Mendès-France
para conferências em Portugal, em 1959.
Impedidas as conferências, e presos os quatro notáveis (além de Vieira de Almeida, Jaime Cortesão, António Sérgio e Azevedo Gomes), o regime tentou voltar à normalidade. Não o conseguindo, não impediu no entanto Vieira de Almeida de morrer em casa, lúcido e comunicativo, estimado pelos mais variados sectores da vida intelectual portuguesa.”
Impedidas as conferências, e presos os quatro notáveis (além de Vieira de Almeida, Jaime Cortesão, António Sérgio e Azevedo Gomes), o regime tentou voltar à normalidade. Não o conseguindo, não impediu no entanto Vieira de Almeida de morrer em casa, lúcido e comunicativo, estimado pelos mais variados sectores da vida intelectual portuguesa.”
Num artigo publicado na “Labor” –
Revista do Ensino Liceal, nº212, de Maio de 1962, pudemos recolher alguma
informação sobre este insigne Mestre:
“Grande valor entre os diplomados
do Curso Superior de Letras, nasceu em Castelo Branco em 1888 e faleceu em
Lisboa, em Janeiro de 1962.
Tendo exercido o ensino, como
professor do 4ºgrupo, nos liceus do Funchal, Setúbal, Beja e Pedro Nunes,
ascendeu em 1930 ao quadro de professores da Faculdade de Letras de Lisboa,
onde deu provas de extraordinárias qualidades de inteligência e de caracter.
Na “Colóquio” – Revista de Artes
e Letras da Fundação Gulbenkian, nº17, de Fevereiro de 1962, escreveu a
respeito deste colega o Prof. Hernâni Cidade: “…Vieira de Almeida, de
efervescência espiritual que o interessava pela especulação e pela crítica de
ideias e de formas literárias, tanto como pela erudição filológica, e assim tão
capaz de traduzir o Latim de Santo Agostinho como o Grego de Demóstenes, de
construir o romance tanto como de criar a poesia, e igualmente tão propenso às
tarefas mais pesadas como às agitações menos cautelosas da política…”
Em 1988, foi-lhe prestada uma
devida homenagem pelos Antigos Alunos do Liceu de Castelo Branco que
descerraram uma placa evocativa na casa onde viveu, naquela cidade.
Ali esteve presente o
filho, Vasco Vieira de Almeida, e o sobrinho Carlos Manuel Vaz de Carvalho que fez o elogio do homenageado.
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Vasco Vieira de
Almeida e o
Presidente da Câmara
Manuel Castelo Branco
É verdade. Há uma outra história divertida: o Ortega y Gasset veio fazer uma conferência à Faculdade de Letras e os alunos e professores pensaram que era um motivo para se fazer um grande frente-a-frente. O Ortega y Gasset foi apresentado ao meu pai e perguntou: “Es usted un profesor decano?”, o meu pai respondeu: “Não, não sou de cano, sou de ar livre!”. Sempre detestou tudo o que tivesse um ar pesado, sisudo e convencional. (numa entrevista de Anabela Mota Ribeiro).
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