Manuel Carvalho
na sua coluna Memória Futura,
na sua coluna Memória Futura,
do Público de hoje, dia 2 de Dezembro.
.
.
Manuel Carvalho
.
O veto do
Presidente da República ao projecto de decreto-lei que obrigava a banca a
avisar o fisco de todos os saldos superiores a 50 mil euros é um notável
raspanete ao Governo pela “patente inoportunidade política” do diploma. A
argumentação de Marcelo Rebelo de Sousa é demolidora. O projecto não faz
sentido porque não resulta de nenhuma vinculação externa, é desproporcional,
não atende à situação financeira e económica do país, sacrifica direitos
fundamentais, é desnecessário porque o fisco já tem meios para consultar os
bancos em casos de suspeita de fraude ou evasão fiscal e, principalmente, é
inoportuno na actual conjuntura política. Convém dar devida nota desta
formulação. O que o Presidente diz a Costa é que a ofensiva sobre quem tem
algum património, seja através de impostos, seja através da devassa do segredo
fiscal, é um erro. É um devaneio “ideológico” quando o que se precisa é de
“realismo”, para usar a dicotomia usada por Marcelo esta semana em Nova Iorque.
De resto, fazer de todos os que têm 50 mil euros alvo do voyeurismo do fisco
era uma cedência dos princípios fundamentais que garantem a cada um de nós uma
vida fora da égide do Estado. E não venham dizer que esta recusa em fundir a
sociedade e o Estado numa amálgama colada pela ideologia é um valor da direita
ou dos neoliberais. Não é. Há linhas vermelhas que o Estado não pode pisar.
Como as do direito de cada um de nós ao sigilo bancário e à presunção de
inocência em matérias fiscais."
NB - Toma lá mais uma, Mariana...
Sem comentários:
Enviar um comentário