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23 março 2014

Eras de lenha e crepitavas...

...num soneto a que Natália Correia chemou
"Falavam-me de amor".
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Natália Correia
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FALAVAM-ME DE AMOR
Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.

Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.

O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado
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Natália Correia
O Dilúvio e a Pomba 
Lisboa, Publicações D. Quixote, 1979

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