Leio semanalmente, na Reconquista,
o “Cousas e Lousas” do Professor Frade.
Esta semana, chamou-me a atenção o título escolhido
“Ainda o Edmundo…”,
e logo tive a certeza que o professor Frade ia recordar
o Amigo que nos deixou há pouco tempo.
A coluna desta semana é encimada por uma frase bem bonita:
“Ter lembrança é ter saudade”. Mas todo o artigo está cheio de coisas lindas que enaltecem o seu autor e a amizade que nutria pelo Edmundo.
o “Cousas e Lousas” do Professor Frade.
Esta semana, chamou-me a atenção o título escolhido
“Ainda o Edmundo…”,
e logo tive a certeza que o professor Frade ia recordar
o Amigo que nos deixou há pouco tempo.
A coluna desta semana é encimada por uma frase bem bonita:
“Ter lembrança é ter saudade”. Mas todo o artigo está cheio de coisas lindas que enaltecem o seu autor e a amizade que nutria pelo Edmundo.
Professor António Frade
“Voltei a recordá-lo, ao ler e colocar no seu lugar velha correspondência do antigo companheiro das Escolas do Cansado.”
“E este recordar, tem mais de um moio de anos, meu Deus! Estes filmes de imaginação, sem imagens reais, obrigam a um esforço enorme de memória…”
(…)
“As lutas pela sobrevivência digna, numa profissão muito respeitada, fizeram verdadeiros cidadãos da vida, de muitos rapazes e raparigas da nossa geração, que mal ganhavam para se alimentarem… O casamento com a colega e as lições particulares, dadas fora de horas e sem horários, ajudaram na formação da prole. Tantas conversas a este respeito com o Edmundo! Tantos escritos e tantas ideias ventiladas…
Mas tudo isto, a talho de foice, depois da partida do Edmundo, que nos deixou há dias sem dizer que partia. Mas deixou saudades.
“As lutas pela sobrevivência digna, numa profissão muito respeitada, fizeram verdadeiros cidadãos da vida, de muitos rapazes e raparigas da nossa geração, que mal ganhavam para se alimentarem… O casamento com a colega e as lições particulares, dadas fora de horas e sem horários, ajudaram na formação da prole. Tantas conversas a este respeito com o Edmundo! Tantos escritos e tantas ideias ventiladas…
Mas tudo isto, a talho de foice, depois da partida do Edmundo, que nos deixou há dias sem dizer que partia. Mas deixou saudades.
Deixou ditos e frases feitas, das que ele tinha sempre na ponta da língua:
- “Ó Tonho, vai-me lá dizendo como está a cidade… Não a deixes estragar”.
- “Está descansado Romeiro que ela está entregue em boas mãos. Na próxima Romagem, vais ver. Um mimo. Quem te viu e quem te vê! Já não a conheces! Lá para os lados dos palheiros dos ciganos, no Pires Marques, e para o outro lado onde íamos com o Alexandre ver a namorada, estão duas novas cidades. Lembras-te? Era ainda para lá do Montalvão…”
O Professor cita agora um “trecho maravilhoso” de Luis Forjaz Trigueiros (1915/2000)onde este recorda a sua (!) “cidade de província” que deixou há anos e compara agora com as muitas mudanças entretanto surgidas.
“Ofereço-o hoje à tua memória. Gosto muito dele e é por isso que o vou transcrever.”
Apenas destaco, deste texto, três passagens que acho memoráveis:
“O mais extraordinário é que havia ali muito homem que trabalhava, muita mulher que educava os filhos, muitos estudantes que estudavam:”
(…)
“Já é possível nos cinemas e nos teatros não nos conhecermos uns aos outros…”
(…)
Rápido como o tempo de hoje, uma cidade vai nascendo em cada dia, em cada ano. Para trás e para sempre ficou a minha cidade da província.”
E o professor António Frade remata o seu escrito de hoje, com uma Nota:
“Esta era a nossa cidade, meu caro e velho amigo. A nova, que há muito não visitavas, é já a dos nossos filhos e dos nossos netos. Está catita e ainda vaidosa dos seus bordados e das suas gentes hospitaleiras. E até sempre, como nos ensinou o Dr.Duque Vieira. Ou até quando Deus queira… como cá se usa.
Tu ainda estás connosco… Até falámos da nossa cidade.”
.
.
Li "isto" hoje, em 2 de Agosto...
...devo agradecer ao Professor António Frade.
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