Almada Negreiros
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(1893 - 1970)
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A varina
Lá na Ribeira Nova
onde nasce Lisboa inteira
na manhã de cada dia
há uma varina
e se não fosse ela
ai não sei
não sei que seria de mim!
Por ela
fiz dois versos a todas as varinas:
E vós varinas que sabeis a sal
e trazeis o mar no vosso avental!
Acho parecidos estes versos
com as varinas de Portugal.
Uma vez falei-lhe
para ouvi-la
e vê-la
ao pé.
A voz saborosa
os olhos de variar
castanhos de variar
castanhos-escuros de variar
com reflexos de variar
desde o rosa
até ao verde
desde o ver
até ao mar.
Num reflexo reflecti:
não dar aquele destino
ao meu destino aqui.
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in. "Antologia da poesia portuguesa"
Vol. II (sécs. XV11 - XX).
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