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18 março 2018

Editorial do i...

...no dia 15 de Março
José Cabrita Saraiva
assinou um texto a que deu o nome de
"O maior contributo de Sephen Hawking
não foi a ciência."
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José Cabrita Saraiva
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Albert Einstein e Charlie Chaplin conheceram-se nos Estados Unidos, quando o grande físico andava em digressão pelas universidades norte-americanas, e tornaram-se amigos chegados. Einstein convidou Chaplin para jantar e Chaplin convidou Einstein para a estreia de "As Luzes da Ribalta", em Janeiro de 1931. Perante os aplausos da plateia, o físico alemão terá confidenciado ao amigo: "O que mais admiro na tua arte é o seu caracter universal. Não dizes uma palavra e, no entanto, toda a gente te compreende". Com a inteligência e o humor que o caracterizavam, Charlot respondeu: "É verdade. Mas eu admiro-te mais ainda". Einstein ficou algo perplexo. "Porquê?" perguntou. "Porque ninguém te compreende e ainda assim todos te admiram."
O que sentimos em relação a Stephen Hawking, o astrofísico que morreu ontem, aos 76 anos, é mais ou menos isso: ninguém o compreende e ainda assim todos o admirávamos.
Há alguns anos, li com afinco um dos seus livros mais populares, "Breve História do Tempo", mas para o pouco que retenho nem precisava de o ter aberto: resume-se ao texto da contracapa, que falava da sua doença e do facto de ocupar a cátedra de Newton em Cambridge.
O professor Carlos Fiolhais, nesta edição, diz que a figura de Hawking "está um bocadinho distante" das de gigantes como Newton e Einstein. mas o seu maior contributo não foi, porventura, para a ciência.  Foi para a humanidade. Como as piadas e os gestos de Chaplin, não é preciso ser muito inteligente ou culto para perceber que a forma como Hawking superou uma doença incapacitante e continuou a fazer a sua vida foi algo extraordinário que nos dá mais confiança nas capacidades do ser humano (ou talvez, para sermos mais exactos, da sua mente"). Hawking nem precisava de ter sido um astrofísico brilhante - que o foi - porque, com o seu exemplo, ensinou-nos mais do que qualquer descoberta científica.
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NB -
Esta breve história não deixa de ser uma pequena homenagem ao astrofísico agora desaparecido... e o diálogo que o jornalista foi buscar ao longínquo ano de 1931, entre Einstein e Chaplin, até parece apropriado... Só não percebo bem como é que Charlie Chaplin foi convidar Albert Einstein para a estreia de um seu filme que só foi estreado em 1952!...

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