Pedro Homem de Mello
publicou em 1968
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Pedro Homem de Mello
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Angústia
As águas correm no regato... Brota
Sangue das veias de alta rocha azul?
Às vezes, poisa, nele, uma gaivota...
E o vento, quando sopra, vem do Sul.
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No entanto, as águas, estendendo um véu,
Cobrem de prata o dorso da montanha.
As águas, essas, fitam, sempre, o céu
Por isso a voz que soltam é tamanha.
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O que haverá nas águas? E o que sente,
Ouvindo-as a passar, constantemente,
A flor que torna a serra, doce e calma?
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Águas e flores não perguntam nada
Porém, a nossa inquietação calada
Terá sentido, só porque tem alma?
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Pedro Homem de Mello
in. "As perguntas indiscretas"
1968
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