Eugénio de Andrade.
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Eugénio de Andrade
por Artur Bual/50
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As palavras
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São como um cristal
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
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in. "Coração do dia" - 1958
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in. "Coração do dia" - 1958
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