...Daniel Campelo, não terá dificuldade de negociar com Marinho e Pinto.
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Assim termina o Editorial do "i", na edição do dia 25 de Agosto, escrito por Luis Rosa, director-adjunto daquele jornal.
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Luís Rosa
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Costa parece a cara do guterrismo: o diálogo com
tudo e todos do tempo do orçamento limiano.
1. Não é a primeira vez os socialistas se comem vivos em público. Os apoiantes de António Guterres e Jorge Sampaio já o fizeram no início dos anos 90, repetindo-se agora o filme com Seguro e Costa. Mas não é certo que os históricos do PS consigam colar todos os cacos da luta que vai aumentar até 28 de Setembro, tal como Jorge Coelho e Ferro Rodrigues fizeram há quase 20 anos. O PS arrisca-se a uma balcanização que pode pôr em perigo a coesão do partido.
A entrevista de António Costa ao "Expresso" demonstra isso mesmo. A forma acintosa como se refere a António José Seguro, acusando-o indirectamente de "comprar votos", de ser cúmplice de irregularidades eleitorais "ao ressuscitar mortos" nos cadernos eleitorais e de nada ter feito na sua carreira política é o tiro de partida para uma violência verbal que vai atingir níveis inauditos para uma campanha interna. Socialistas prudentes neste momento são muito poucos.
Pior que as cenas de pugilato em forma de palavras, é a forma eleitoral escolhida para dirimir a luta entre Seguro e Costa. As primárias podem ser uma boa forma de abrir os partidos à sociedade e promover uma maior participação política, mas nunca foram usadas em Portugal - o que exigiria muita prudência e tempo para um processo transparente e seguro em vez de uma montagem rápida em apenas três meses. O simples facto de serem eleições abertas a meros simpatizantes do partido exige um escrutínio com regras muito apertadas contra qualquer tipo de fraudes. Se nas eleições internas muito disputadas há sempre suspeitas de irregularidades, como aconteceu na semana passada em Braga, nas primárias essas suspeitas vão aumentar exponencialmente. Se o resultado final for muito apertado, é provável que o derrotado caia na tentação de tentar anular o escrutínio. Como resistirá o PS a essa divisão a um ano das eleições?
2. A entrevista de António Costa também revelou também uma espécie de regresso aos tempos gloriosos do guterrismo. A punch line da entrevista ("Verdadeiramente, o meu adversário é Rui Rio") serve para desqualificar António José Seguro e desgastar Passos Coelho, ao mesmo tempo que Costa admite governar em minoria e afirma a necessidade de "compromissos políticos". Mas os compromissos admitidos são uma espécie de rosa dos ventos. Tanto abre soluções para Rio como fala das "emergências mais livres", numa alusão ao Livre de Rui Tavares ou a movimentos como o 3D, ou até a Marinho e Pinto. António Costa corporiza assim o melhor do guterrismo, que ficou conhecido por negociar com tudo e todos para evitar e adiar reformas dolorosas e inevitáveis. O exemplo maior dessa estratégia de manutenção do poder foi a negociação com o deputado Daniel Campelo (CDS), no que ficou conhecido como o orçamento do queijo limiano, num dos episódios mais anedóticos de sempre do parlamento. Verdade seja dita, há aqui uma certa coerência: Quem negoceia com Daniel Campelo não terá dificuldade em negociar com Marinho e Pinto.
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Gaita, que esta é forte!!...
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