Conheci, e fui amigo do Dr. José Mendes Leonardo que, no início da década de sessenta era Secretário do Governo Civil de Setúbal e que, devido a doença degenerativa, faleceu muito novo.
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Não conheço o Dr. Santana-Maia Leonardo, de Ponte de Sor, mas é sempre com agrado que leio as suas “mensagens” nas “Cartas ao Director”, no Público.
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Tenho como certo que este “vivo e contundente” advogado era filho daquele nosso Amigo de então que foi Secretário do Governo Civil de Setúbal, na época do Governador Miguel Rodrigues Bastos.
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Com a devida vénia, permito-me transcrever algumas (todas...) das “passagens” do seu escrito de hoje, 22 de Fevereiro, nas páginas do Público:
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“Li recentemente um artigo da professora Maria Luísa Moreira em que contava, com enlevo e admiração, a sua visita a uma escola inglesa de Bristol: os alunos usavam uniforme, eram ordeiros, cumpriam os horários das aulas com pontualidade e sem necessidade de campainhas para reunir o rebanho, tinham aulas de 60 minutos e apenas da parte da manhã (8h30 às 14h40).É certo que, em Portugal, só há muito pouco tempo se passou a ter aulas de 90 minutos. Mas, neste caso, compreende-se perfeitamente a mudança. Mal parecia, num sistema absolutamente irracional, que as aulas continuassem a manter uma duração adequada e inteligente. Quanto ao resto, era bom, no entanto, que a referida professora e os professores não se convencessem de que a civilidade dos alunos ingleses deriva dos uniformes ou que foi imposta por decreto. Em Portugal, temos muito a tendência de cair nos extremos, como se entre a bandalheira e a ditadura não houvesse alternativa. Ora, para uma escola funcionar com espírito de corpo, onde haja reconhecimento da autoridade e o respeito pela hierarquia, é necessário, sobretudo, que os professores e os funcionários dêem o exemplo. Acontece que os professores e os funcionários destruíram todos os rituais e formalismos que davam uma carga simbólica de respeitabilidade aos cargos e funções que desempenham (...) Um professor não pode querer que um aluno seja pontual, se ele não for. Não pode querer que um aluno o respeite, se ele não respeita o director de turma, os outros colegas e o director da escola. Não pode querer que o aluno tenha apresentação e seja asseado, se ele se apresenta despenteado, desmazelado, de sapatilhas ou chinelos e com as calças rotas e sujas.
Por outro lado, quando uma escola tem um regulamento interno maior do que o Código Civil e uma comissão que passa o ano lectivo a introduzir-lhe alterações, não pode aspirar a que um asno a respeite, quanto mais os alunos. Sendo certo que só uma pessoa manifestamente estúpida é que lê um regulamento interno daquele tamanho e que, para mais, está sempre desactualizado. Além disso, não se pode exigir a jovens de tenra idade que sintam o mínimo respeito por professores que precisam de se socorrer do regulamento interno para os impedir de cuspir para o chão ou de partir as carteiras.
.Esta é a grande diferença entre as escolas inglesas e portuguesas que a professora Maria Luísa Moreira não viu. Os professores e os alunos ingleses não só não precisam de campainha para entrar para as salas de aulas com pontualidade como também não precisam de um regulamente interno com centenas de artigos e de páginas para saberem que não se pode deitar papéis para o chão e que se tem de respeitar os professores. E, depois, se não está escrito no regulamento interno é uma carga de trabalhos. Lá se tem de ir a fugir acrescentar mais um artigo ou mais uma alínea... Artigo esse que, invariavelmente, ninguém lê e a que ninguém continua a fazer caso. Não há dúvida que a escola nos prepara para a vida: a verdadeira vocação do português é legislar. Depois se ninguém lê as leis que fazemos, nem as cumpre, isso já pouco importa."
Santana-Maia Leonardo
Ponte de Sor
22 fevereiro 2008
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2 comentários:
Pois pois, sou do tempo em que usava bata branca no Liceu e na Escola Comercial e Industrial.
o Liceu a cor do Logotipo -emblema-aplicado na bata representava pela côr o ano da aluna.Todos os jovens eram fácilmente identificados fora da escola.
Nunca tive problemas em usar bata, nem nunca que eu saiba se sentiu mal por isso.
Pelo menos não havia essa coisa do aporcalhado, nem a mania de exibir as roupas de qualidade que só o dinheiro de alguns pode comprar e que muitos outros pais se endividam para as darem aos filhos (Marcas) Coisa que os miúdos hoje têm tanto orgulho em mostrar aos colegas com EU SOU O MAIOR, como se um trapo fosse a pessoa.Frutos dos tempos.
Simplesmente Bel
É sempre com emoção que me cruzo com pessoas dos meus tempos de Setúbal. O meu pai faleceu nesta cidade em 1/12/1967, quando eu tinha 9 anos.
Deixo-lhe aqui o endereço do meu blogue «REXISTIR» para o caso de lhe apetecer por lá passar:http://sol.sapo.pt/blogs/contracorrente/
e do meu e-mai: santana-maia.leonardo-813e@advogados.oa.pt
Um abraço
Santana-Maia Leonardo,
filho de José Tomaz Mendes Leonardo, secretário do Governo Civil de Setúbal em 1967, e de Maria Laura Santana Maia Leonardo, primeira juiz conselheira
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